Em reunião com reitores, Lula anuncia investimentos nas universidades e pede o fim da greve
11 de junho 2024
Comunicação da ADUR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu em 10 de junho, no Palácio do Planalto, reitores de universidades e institutos federais para anunciar novos investimentos do Governo na educação e pedir o fim da paralisação de docentes e técnicos-administrativos do ensino superior federal, movimento que tem apoio da UFRRJ e ADUR-RJ. A reunião foi realizada em meio à greve nacional iniciada em abril, com ampla adesão de instituições e reivindicações consideradas fundamentais pela categoria, como a recomposição salarial e orçamentária, a reestruturação de carreiras e a revogação de normas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro.
No encontro, foi anunciada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, a destinação de R$ 5,5 bilhões em investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para universidades e hospitais universitários. No entanto, não prevê nenhum percentual de reajuste salarial de professores e servidores federais em 2024, questão considerada crucial para a categoria na atual mobilização paredista. O montante oferecido pelo Governo inclui R$ 3,17 bilhões na consolidação de estruturas, R$ 600 milhões para expansão e R$ 1,75 bilhões para hospitais universitários.
Os recursos contemplam 223 novas obras, sendo 20 em andamento e 95 retomadas, além da expansão de 10 novos campi, vinculados a universidades já existentes, nas cinco regiões do país, sem explicar quanto será destinado a salários de novos profissionais para atuar nessas instituições. Os novos campi atenderão a regiões desassistidas em cidades como São Gabriel da Cachoeira (AM), Rurópolis (PA), Cidade Ocidental (GO), Caxias do Sul (RS), Ipatinga (MG), Jequié (BA), Baturité (CE), São José do Rio Preto (SP), Sertânia (PE) e Estância (SE).
Além dos R$ 5,5 bilhões, o ministro Camilo também informou o acréscimo de R$ 400 milhões para custeio de universidades (R$ 279,2 milhões) e institutos federais (R$ 120,7 milhões). Novamente sem tratar da questão salarial para a melhoria operacional no atendimento a alunos.
O presidente Lula, que iniciou sua carreira política como líder sindical, e se elegeu para o terceiro mandato com discurso de valorização do ensino público, argumentou que, se considerado o conjunto de avanços, não há razão para a greve durar todo o tempo que está durando. “Não é por 3%, 2% ou 4% que a gente fica a vida inteira em greve. Vamos ver os outros benefícios. Vocês já têm noção do que foi oferecido?”, questionou ao fazer menção aos investimentos na área da educação e à proposta de reajuste salarial de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.
A proposta, aceita de forma oportunista pela Proifes, sem a devida representatividade e respaldo da categoria, foi rechaçada pelo ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e SINASEFE (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica). Ao defender o retorno das negociações que até o momento não atenderam minimamente a pauta salarial, o ANDES-SN aponta, entre outros dados, a defasagem de 22,71% no salário dos professores, que vem se acumulando desde 2016.
Durante o encontro no Palácio do Planalto, Márcia Abrahão, reitora da Universidade de Brasília (UnB) e presidenta da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), enfatizou a urgência de um acordo para a recuperação salarial. “As trabalhadoras e os trabalhadores em greve são essenciais para darmos conta de todos os desafios do país, e suas remunerações estão muito defasadas, principalmente quando comparadas com carreiras que tiveram reajustes recentemente. Há técnicos que chegam a ganhar menos de um salário mínimo”, afirmou. “Por essa razão, esperamos que Governo e sindicatos cheguem a uma situação negociada, de forma a atender expectativas e pacificar a situação”, acrescentou.
Elias Monteiro, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (CONIF) e reitor do Instituto Federal Goiano, reforçou essa posição. “Suplicamos para que avancem as negociações para o fim da greve, que é um movimento legítimo e justo, e tem entre outros reflexos o aumento da evasão escolar e prejuízos para o cumprimento do calendário acadêmico”, argumentou.
As reuniões entre as partes prosseguem com uma nova rodada de negociação entre o Governo e técnicos-administrativos no dia 11 e com os docentes no dia 14 de junho. Mais uma vez será colocada em pauta a reivindicação dos docentes por um aumento salarial de 22%, dividido em três anos (7,06% em cada um, começando em 2024). Já os servidores técnicos-administrativos, com defasagem salarial ainda maior, pedem a recomposição de 117%.
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